sexta-feira, 26 de junho de 2009

OUTRO RELATÓRIO...

Juciane Vareiro Ales, 32 anos, professora, formada pela UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso), Licenciada em Letras, atualmente lecionando na Escola Estadual Deputado Dormevil Faria, entre os dias 25/05/2009 e 15/06/2009, realizei em conjunto com 04 (quatro) acadêmicos do curso de Letras (UNEMAT - REGÊNCIA) as seguintes atividades na disciplina de Língua Portuguesa com os alunos do 8º ano, turma D, período Vespertino, de acordo com o material fornecido pelo curso oferecido pelo CEFAPRO.
Os acadêmicos fizeram uma explanação sobre gêneros textuais e utilizaram como abordagem jornais da Folha Regional para explicar sobre reportagem, entrevista, crônica, etc. também trouxeram revistas que continham piadas e horóscopos; observei que os alunos ficaram muito interessados na atividade, pois alguns não tem o hábito de ler este tipo de revista. Após examinarem as revistas, foram instruídos a sentarem-se em grupos com 06(seis) pessoas para elaborar textos baseados nos gêneros que haviam lido. Os textos foram acompanhados pelos regentes que recolheram as produções e fizeram as considerações e devolveram para os alunos durante a refacção. O objetivo era produzir um jornalzinho da sala, com textos e entrevistas realizadas por eles; foi atingido de forma satisfatória (segue em anexo), porém observamos que os alunos encontraram dificuldades quanto a ortografia e a concordância, cometendo erros elementares que se traduziram na forma como montaram o jornalzinho.
Para finalizar o trabalho, os alunos foram levados até a Folha Regional, para que pudessem conhecer na integra como um jornal realmente é feito; o resultado foi satisfatório, pois os alunos aproveitaram o passeio e fizeram inúmeras perguntas a Srª. Sônia, que recebeu a todos de forma muito amável e elucidou todas as dúvidas. Ao retornarmos foi solicitado que os alunos produzissem um relatório sobre a visita (segue em anexo) e notei que todos haviam feito várias anotações sobre os equipamentos e curiosidades sobre o lugar. Mas também notei que estas informações algumas vezes foram relacionadas de forma desencontradas, notando que eles não conseguiram conectar as informações anotadas de forma coerente, havendo certa falha na veracidade de certas observações feitas por eles. Por exemplo, alguns alunos escreveram que o jornal é mandado para ser feito em Cuiabá e depois volta pronto, porém ele é produzido e corrigido aqui e enviado apenas para impressão em Cuiabá, devido em nossa cidade não possuírem gráficas adequadas para a impressão do jornal.
Esta atividade foi a última realizada em conjunto com os acadêmicos. Foi dado sequência ao conteúdo sendo apresentado aos alunos do poema “Cidadezinha Qualquer” de autoria de Carlos Drummond de Andrade, TP3, página 97, os alunos acharam interessante a leitura, quando solicitei a comparação com a nossa cidade, eles não encontraram quase nenhum ponto em comum, pois consideram nossa cidade grande o suficiente para não ter características de uma cidade pequena e do interior, após estas considerações observei que eles não fizeram uma leitura que remetesse a outros pontos de relação com a nossa cidade, mas acabaram por comparar com cidades como Jauru, Porto Esperidião e Glória D’Oeste. Foram instruídos a fazerem uma releitura deste poema, o que foi mais produtivo. Após a produção foram estimulados a tentarem encontrar substantivos e verbos no poema, de forma a gerar uma certa competição, mas os alunos se mostraram um pouco confusos, demonstrando pouco conhecimento sobre as classes de palavras que solicitei que fosse encontradas.
. Após a leitura, os alunos fizeram comentários e a falta de adjetivos para descrever o entendimento do texto me deixou impressionada, pois muitos deles se fixaram na palavra “besta” que o escritor utiliza no poema e não evoluem nas próprias considerações.

RELATÓRIO DOS “AVANÇANDO NA PRÁTICA” APLICADOS PELA PROFESSORA CURSISTA DO GESTAR II

Juciane Vareiro Ales, 32 anos, professora, formada pela UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso), Licenciada em Letras, atualmente lecionando na Escola Estadual Deputado Dormevil Faria, entre os dias 25/05/2009 e 15/06/2009, realizei as seguintes atividades na disciplina de Língua Portuguesa com os alunos do 8º ano, turma C, período matutino, de acordo com o material fornecido pelo Programa GESTAR II – Língua Portuguesa, curso oferecido pelo CEFAPRO.
Após as definições (nomenclaturas) sobre gêneros textuais, realizei a primeira atividade referente a este assunto, na qual os alunos deveriam redigir um dicionário com gírias utilizadas pelos jovens O trabalho foi intitulado “Dicionário dos Jovens”. Os resultados que obtive foram satisfatórios, embora tenha observado que os alunos não possuíam um número expressivo de conhecimento sobre gírias. Relacionei esse fato à classe social que meus alunos pertencem, em média são alunos da classe média alta. Outro fato que foi possível observar foi que os alunos relacionaram gíria (linguagem oral) com a forma escrita comumente utilizada em msn ou orkuts. Por exemplo, uma de minhas alunas escreveu “BLZ”, justificando que a palavra “beleza” era uma gíria que ela utilizava, porém escrita apenas com B-L-Z. A forma como explicaram cada gíria também denotou certa falta de coerência e facilidade para expressar o conhecimento que detinham sobre as palavras relacionadas. Em anexo estão relacionadas algumas produções sobre esta atividade.
A segunda atividade com esta mesma turma, é referente aos textos “A Cigarra e as Formigas – A Formiga Má” página 37, TP3 e “Lavadeiras de Moçoró”, página 59, TP3. Os textos foram utilizados para leitura, discussão e interpretação. No texto “Lavadeiras de Moçoró” foi possível observar a forma como o processo de descrição funciona no texto. Nesta mesma aula, foi realizada a leitura do conto “Barril de Amontillado” de Edgar Allan Poe, para que os alunos observassem a técnica utilizada por esse escritor. Observei também que os alunos gostaram dos textos, embora já conhecessem o texto “A cigarra e a formiga”.
Já na terceira atividade, foi realizada a leitura de 03 (três) piadas em sala “Loira”, “Advogado ao Telefone” e “Receita Cazêra Minera Moi de Repôi nu Ài Iói”, (segue em anexo), nas quais os alunos observaram a linguagem utilizada e depois de socializarmos os assuntos em sala, foram estimulados a realizar uma releitura da “”Receita Mineira” de forma lúdica. Os resultados que obtive foram interessantes, porém observei que eles se detinham muito na forma convencional da estrutura de uma receita sem conseguir reescrever as receitas de forma a dar-lhes um cunho divertido; alguns alunos, inclusive, acabaram por entender que deveriam escrever na íntegra uma receita e a proposta não era essa. Estão acostumados a tentar atingir um resultado convencional, mesmo quando isso não é exigido deles.
A quarta atividade realizada foi referente ao gênero Editorial e Crônica, (15/06/2009), os alunos levaram revistas e jornais para a sala de aula. Foram feitas leituras sobre o Editorial da revista Veja e a coluna do escritor Millôr Fernandes, e os alunos consideraram a forma um tanto confusa; com algumas explicações e conversas, notei que a falta de entendimento por parte dos alunos restringia-se ao fato de não conseguirem relacionar alguns elementos ali relacionados com outros elementos externos, a leitura que eles fizeram foi superficial e não se estendia a outros elementos. Millôr Fernandes, em um dos seus textos faz uma referência à falta de cultura dos políticos brasileiros e sua falta de conhecimento sobre a nossa gramática e menciona que os senadores com certeza acabaram com a “regência, com a Proclamação da República”. Encontrei certa dificuldade para explicar a eles sobre a “regência” que temos dentro da gramática e a “Regência”, período em que tínhamos um príncipe regente no Brasil. Eles não conseguiram associar fato histórico X gramática.

E O CAMINHO CONTINUA...

Juciane Vareiro Ales, 32 anos, professora, formada pela UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso), Licenciada em Letras, atualmente lecionando na Escola Estadual Deputado Dormevil Faria e participante do Programa GESTAR II, curso ministrado pelo CEFAPRO, sob a orientação da Profª. Maria Rosalina – Disciplina Língua Portuguesa.
Após várias oficinas realizadas sob a orientação da Profª. Maria Rosalina, cheguei a várias considerações sobre o curso.
Para professores assim como eu, que tive uma formação baseada em métodos tradicionalistas, o curso oferece outras formas de conduzir a disciplina de Língua Portuguesa. A didática oferecida como sugestão, é acessível e atualizada, com textos condizentes com a realidade do aluno. Muitas atividades são novidades que passei a utilizar, mas ainda não possuo o domínio completo de certos conteúdos, no caso os gêneros, porém, tenho buscado ler mais a respeito, pesquisado os assuntos e tirar as dúvidas que vão surgindo ao longo do processo.
Os encontros que realizamos oferecem a oportunidade de trocarmos experiências com outros profissionais, havendo uma interação que é extremamente proveitosa. As idéias vão sendo tecidas e percebemos, em alguns casos, que havia muito que poderia ser feito, mas que nós não havíamos pensado sobre como executar determinada atividade em sala. As abordagens são importantes, pois são ferramentas que o professor pode lançar mão para buscar atingir seu objetivo e envolver o aluno naquele determinado assunto que ele pretende trabalhar.
Antes das oficinas começarem, eu possuía uma idéia definida sobre o que ensinar, e este ensino voltado sistematicamente para a gramática, pois o argumento que sempre utilizava era que se o sistema não mudasse o seu método de avaliar o candidato em cursos e vestibulares, então eu não poderia parar de ensinar gramática, por que isso iria fatalmente fazer falta. Mas com as oficinas, fui percebendo que todo o sistema está mudando, então o correto seria me adequar a estas mudanças. O próprio vestibular vem mudando a cada ano e isso foi um sinal significativo para mim de que as mudanças realmente estão acontecendo. Quando conseguimos entender a lógica, conseguimos aceitar melhor as mudanças e foi o que aconteceu no meu caso.
Durante as oficinas consigo ver também que os problemas existem em todos os lugares e que a nossa cruz, que muitas vezes parece pesada, em comparação com a cruz de outras pessoas, as nossas são muitas vezes mais leves do que podemos imaginar. Fui percebendo que o importante não é ver o problema, mas a criatividade que devo ter para poder contorná-lo. Muitos profissionais que participam das oficinas, possuem problemas iguais aos meus, maiores que os meus, insignificantes diante dos meus, mas que são problemas a serem resolvidos da melhor forma possível.
Nas oficinas temos como objeto de estudos os Gêneros Textuais, mas fui a cada oficina, fazendo leituras de vários “gêneros de profissionais”. Alguns são como o Cordel, são heróis humildes, anônimos, com aventuras, vivendo em reinos distantes e enfrentando vilanias de todos os formatos. Outros são Crônicas, assim como eu me vejo às vezes, que buscam informar, de forma humorística, às vezes sarcásticas, mas que no fundo falam mais do que realmente pretendem dizer. Já outros são como os Contos, breves, objetivos, detalhistas, com começo, meio e fim. Alguns tem no seu jeito de ser, um certo jeitinho injuntivo, que orienta, ensina, mas são tantos verbos no imperativo, que as vezes espantam as crianças, e por que não dizer, muitos colegas.
Sei que existe também aquele gênero Entrevista, que escolhe o seu entrevistado e o entope de perguntas, não faz por mal, sempre tem o seu objetivo, mas será que “o sino do recreio não vai demorar muito para tocar” (risos), pois sempre queremos escapar desses gêneros.
Por fim sabemos que somos muitos gêneros e que no final somos uma Narrativa extensa, coerente, coesa e que se encerra quando atingimos o nosso objetivo. Se tudo não tiver valido a pena ao final da narração, acredito que estivemos ocupados demais narrando e esquecemos de olhar para trás e admirar a narrativa que criamos e que no fundo se tornou um Épico.

domingo, 21 de junho de 2009

ALESSANDRA SOUZA FERRAZ

Alessandra Souza Ferraz – RG 1391654-8 SSP/MT – Letrada, com especialização em Educação Inclusiva, 28 anos, solteira, um filho é professora da rede estadual citada acima (5h). Ela atua em uma classe do 6º ano, atendendo um total de 35 educandos, moradores do centro e periferia do município. Após diagnose inicial, verificou-se que desse público alvo, 10 estão fora da faixa etária. Do grupo de 10 educandos, 05 são desinteressados e apresentam baixo rendimento, com notas entre 3,5 e 4,5 e produção textual com problemas na organização das idéias e desvios ortográficos. 19 são estudantes regulares, com notas entre 4,0 e 6,5. Apresentam produção textual com problemas de coesão e coerência. 06 apresentam excelente aprendizagem com ótimo senso interpretativo e leitura satisfatória. No âmbito dos Gêneros Textuais, os educandos apresentam, em sua maioria, dificuldade para assimilar sua finalidade e funcionalidade. A classe não apresenta alunos portadores de necessidades especiais (PNE). A grade é modular com 50 horas/aulas bimestrais, com apenas uma classe de Língua Portuguesa a professora demora a colocar em prática as propostas pedagógicas do GESTAR II, no entanto, durante as aulas equilibra estratégias pedagógicas tradicionais com sugestões dos cadernos.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

ROSALINA DE FÁTIMA DA SILVA BARROS

Rosalina de Fátima da Silva Barros – RG: 0440610 – 9 SSP/MT – Letrada, fazendo especialização em Estudos Linguísticos e Literários, Psicopedagogia e Inclusão, 43 anos, casada três filhos e uma neta, professora contratada da Rede Municipal.
Atua na escola Deputado Dormevil Farias (30h), leciona em classes do 2º ciclo 3ª fase e 3º ciclo 2ª fase, atendendo um total de 125 alunos em sua maioria de classe média, média baixa e pobres, moradores dos bairros circunvizinhos da escola.
Feito o diagnóstico inicial, verificou-se que desse público-alvo todos são alunos regulares, 33 apresentam baixo rendimento, apresentam algumas dificuldades de leitura, interpretação, produção textual com problemas de estruturação, coesão, coerência, vocabulário e ortografia, precisam de apóio pedagógico para sanar suas dificuldades, 31 atingiram a média ou pouco mais que a média, apresentam dificuldades de interpretação textual produção escrita e ortografia, os demais alunos destacam pelo bom aproveitamento cognitivo têm uma boa produção textual, porém encontram dificuldades em identificar alguns gêneros e tipos textuais. Nessas turmas não têm portadores de necessidades especiais (PNE).
Na grade horária com 05 aulas semanais por turma, destas 03 será integralmente utilizada durante a semana para as atividades do Gestar II. Serão equilibradas as estratégias pedagógicas tradicionais com as sugestões dos cadernos.

MINI-CURSO DO I SIEPES - UNEMAT - PONTES E LACERDA - MT

No I SIEPES também foi oferecido alguns mini-cursos. Dentre estes, um foi especial porque expunha a teoria bakhtiniana e sua aplicabilidade na prática pedagógica. A professora responsável pelo mini-curso é uma mestranda da UFMT, SOELI APARECIDA ROSSI DE ARRUDA. Segue um aporte do que foi exposto por ela. Leiam e comentem! Gostaria de saber o que acharam!

GÊNEROS DISCURSIVOS: UMA METODOLOGIA INOVADORA PARA O ENSINO DE LEITURA E ESCRITA
Aporte teórico a partir do minicurso supracitado
A circularidade textual está presente em todas as áreas do conhecimento. Falar de gêneros textuais supõe um aporte teórico voltado à área da linguagem, o que é errôneo, pois estes permeiam todas as atividades humanas.
Qual a diferença entre gêneros textuais e gêneros discursivos? Na verdade, o aluno não deve, necessariamente, conhecer a linha teórica. Gêneros discursivos = Bakhtin. Jackobson, Labov, Saussure, são teóricos para os quais os olhos do autor se voltam e o analisam com outro olhar. O gênero discursivo considerará todo o contexto discursivo, enquanto o gênero textual tem uma metodologia diferenciada, pois trabalhará em separado as estruturas textuais. Quando se fala em tipos, são gêneros textuais, que para Bakhtin serão enunciados constituídos historicamente; que, por sua vez, para o gênero textual será um trecho do texto.
Enquanto a análise do discurso volta-se à análise do inconsciente, Bakhtin procura perceber a linguagem na sua forma consciente, considerando o papel do outro na construção dessa linguagem e em sua significação, que é responsiva e pode acontecer em diferentes momentos. Cada qual produz de acordo com seu tempo de assimilação ou de aquisição da escrita ou organização desta de forma a transpor uma significação, levando sempre em conta o papel do outro. A interlocução se dá de forma diferenciada em cada momento de enunciação, mesmo que se aproprie do mesmo gênero (com um tripé significativo), o outro dá a um enunciado um novo sentido.
A competência de leitura deve ser papel de todas as disciplinas curriculares.
Por que trabalhar com gêneros de discurso no ensino de línguas hoje? Para que o aluno se desloque do seu lugar e reconheça que o texto (gêneros textuais) lhe é comum. O reconhecimento com o qual ele se depara é de deslumbramento frente a situações comunicativas que lhe são naturais. Daí que trabalhar as competências de leitura e escrita torna-se acessível e o desenvolvimento dessas habilidades transforma-se em um trabalho transdisciplinar.
As práticas sociais devem ser consideradas no ensino de língua. Que sentido teria para o aluno expor somente a forma textual, sem considerar o contexto histórico/social, a situação comunicativa?
Tripé do gênero discursivo:
• conteúdo temático: o que pode ser dizível em um gênero – temas típicos;
• forma composicional (fixa): formas de organização dos textos (partes típicas e formas de conexão)
• estilo: seleção de recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua.
Internetês é linguagem, diferente de MSN, Orkut, que instauram gêneros discursivos. Para Bakhtin, o deslocamento de um gênero para outra esfera se denomina hibridismo.
A leitura deve ser a base de todo professor, principalmente, se for de linguagem. Ao trabalhar com gêneros, é preciso estabelecer paralelos com outras leituras; leituras prévias que darão suporte técnico para que a interpretação do gênero se transporte para o imaginário, e a partir dele se instaure um novo sentido que está posto, porém não está dito.
O texto, seja ele técnico, literário, informativo e outros, não deve ser pretexto para outros conteúdos. É importante estabelecer parâmetros para se estimular uma atitude responsiva do aluno. Criar situações interpretativas que sustentem o suporte textual e só depois oferecer outras organizações que o sustentem, como as questões estruturais e linguísticas. O gênero discursivo/textual, se trabalhado de forma responsiva, leva o aluno a ter o que dizer, como dizer e pra que dizer.
Utilizar os gêneros discursivos/textuais como forma de aprendizado torna a aula interessante para o próprio aluno. É imprescindível fazer da aula um laboratório de pesquisa para que as expectativas dos alunos sejam levadas em conta. Levantar questões de aprendizado requer do professor um atitude de escuta, ou seja, preparar uma aula supõe uma diagnose inicial que parta do outro (o aluno).
Como perceber com o aluno as organizações textuais que perpassam as tipologias? Levantar questões como sequências que os arregimentam como sendo narrativo, descritivo, expositivo, argumentativo ou injuntivo é um caminho possível. Na ordem do narrar, é possível explorar vários gêneros: contos, fábulas, ficção... Na ordem do relatar: temos a notícia, o relatório... Na ordem do argumentar: o artigo de opinião, carta ao leitor, discurso de acusação... Na ordem do expor: seminários, conferências, entrevistas... Na ordem da injunção: regulamento, regras de jogo, instruções de uso, manuais, receitas...
Preparar bem uma aula requer também do professor uma postura profissional coerente com sua ótica. Ser professor de língua portuguesa passa, necessariamente, pela questão da ética que faz do profissional um conhecedor da língua. Valorizar as variedades lingüísticas é essencial para que o aluno se sinta capaz de participar do processo educativo, porém não devemos nos esquecer de que somos professores de língua e que a aptidão ou o conhecimento das estruturas linguísticas devem ser preconcebidas e/ou construídas pelos professores.
Os gêneros não são invenções individuais, fazem parte de todo um processo de construção social e se tornam práticas cotidianas. Na perspectiva dos gêneros, os alunos devem ser levados a observarem e analisarem os eventos lingüísticos mais diversos.
Trabalhar com gêneros supõe uma organização de aportes de leituras diversas para que o processo de construção do conhecimento desses gêneros leve o aluno a perceber os aspectos pertinentes a cada gênero, como quem é o autor; onde ele circula; quando foi escrito; que outras informações foram preconcebidas e/ou a que outras leituras ele se remete, quais as fontes que ele buscou; a quem se dirige; onde se encontra aquele gênero... Além disso, expor a referência bibliográfica deve fazer parte do contexto da aula.
A interdiscursividade é uma marca da teoria bakhtiniana, que nos remete ao mesmo sentido de intertextualidade de Marcuschi. Os gêneros fazem sentido a partir de um contexto social e histórico em que ele está inserido, é aí que se instaura o tema da enunciação.
E o papel da escola nesse contexto de se trabalhar com os gêneros discursivos? Ela exerce ainda um papel de enrijecimento do conhecimento, tornando o aluno receptor de algo sem significação, que não faz sentido, que não acompanha um novo paradigma de trabalho com a linguagem. Na concepção atual, a leitura e a interpretação deve ser a premissa de todo e qualquer trabalho com a linguagem. O professor deve se inquietar com um trabalho enrijecedor, levando-o a perceber que seu papel é muito mais do que um simples decodificador da linguagem, é, antes, um mediador do conhecimento. É interessante sentir-se como Clarice Lispector:
Quanto a português, era com o maior tédio que eu dava as regras de gramática. Depois, felizmente, vim a esquecê-las. É preciso antes saber, depois esquecer. Só então se começa a respirar livremente” (Clarice Lispector, A descoberta do mundo)
O leitor primeiro é o próprio professor; leitor assíduo, pertinente, dinâmico. Seu trabalho exige uma preocupação em mostrar ao aluno que o texto não existe somente na escola, ele circula nos vários contextos sociais.
Quando se propõe trabalhar com gêneros discursivos, há que se fazer uma diagnose e a partir dela fazer um constructo teórico para que se criem leituras referentes aos gêneros elencados na prática de sala de aula. Melhor dizendo, elencar os critérios para planejamento das aulas com gêneros supõe um trabalho de pesquisa, pelos próprios alunos e, por que não, pelo professor, de textos pertinentes ao gênero pressuposto. Daí parte-se para um levantamento do corpus organizacional desse gênero, construindo leituras que leve ao aprendizado da organização textual desse gênero. Também levantar o que já faz parte do conhecimento do aluno a respeito desse gênero, para que a aula não se organize de forma cansativa.
Como processo de avaliação dos textos escritos, levar em consideração a organização do gênero, que público-alvo ele atingirá, qual o veículo de divulgação que será utilizado...
Quando se propõe esse trabalho com gêneros, o trabalho leva o aluno a uma circulação mais ampla, ultrapassando os limites da escola, sua circularidade vai além. Com isso, ele torna-se participante ativo e não passivo da própria construção do conhecimento. Essa organização da aula com gêneros deve passar por uma refacção entre alunos, levantamento de conhecimentos prévios da turma, para só depois de esgotada todas as possibilidades de organização textual, o professor intervir nessa organização.
O gênero oral é uma exploração que deve fazer parte do processo de construção do conhecimento na escola entre os alunos. Nada deve ser organizado sem critérios. Trabalhar com gêneros não significa deixar de elaborar regras, pelo contrário, estabelecer critérios junto aos alunos é primordial para que o trabalho se construa de maneira significativa. Apresentar ao aluno as formas como se organizam os gêneros, mesmo os orais, com comportamentos e situações específicas para a manifestação desses gêneros. A participação do aluno na exposição de gêneros orais leva-os a aprender a manipular a linguagem de forma a apresentar-se como bons oradores, bem como leva-os a perceber qual a postura pertinente a situações de exposição ao público coerente com a organização desse gênero.
Maria Rosalina Alves Arantes
Pontes e Lacerda – MT
Professora formadora do GESTAR II

GÊNEROS TEXTUAIS/DISCURSIVOS NA FORMAÇÃO CONTINUADA: UMA EXPERIÊNCIA DO GESTAR II

Maria Rosalina Alves Arantes
Maribel Chagas de Ávila*
Mariza Lima de Souza*


No I SIEPES, que aconteceu de 04 a 07 de junho de 2009, nós, professores formadores do GESTAR II de Língua Portuguesa do polo de Pontes e Lacerda (Professora Mariza Lima, Maribel Chagas e Maria Rosalina), apresentamos uma comunicação oral com resultados parciais das oficinas. A intenção era apresentar a proposta de Formação Continuada que o programa apresenta, expor a importância dessa formação e os reflexos que esta apresenta junto aos professores cursistas. Segue o resumo do que apresentamos.

RESUMO: O objetivo deste artigo é relatar as experiências de formação continuada como professoras formadoras do Cefapro do município de Pontes e Lacerda, atuando no Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – Gestar II, na disciplina de Língua Portuguesa, Módulo I, TP3 (Teoria e Prática), gêneros e tipos textuais. O Gestar II é um programa de formação continuada de professores dos anos/séries finais do ensino fundamental, formulado pela UnB, distribuído pelo MEC, concebido como um conjunto de ações pedagógicas, que incluem discussões sobre questões prático-teóricas, disponibilizando para os professores de Língua Portuguesa e Matemática um inovador material para a transposição didática. As atividades de Língua Portuguesa são distribuídas em seis volumes com os seguintes títulos: Linguagem e Cultura; Análise Linguística e Análise Literária; Gêneros e Tipos Textuais; Leitura e Processos de Escrita I; Estilo, Coerência e Coesão; Leitura e Processo de Escrita II. A concepção de linguagem que permeia os tópicos da proposta pedagógica do programa busca evidenciar que, no trabalho com a linguagem, se privilegia o uso da Língua como atividade social e comunicativa em que os interlocutores atuam em um espaço cultural e histórico. Além disso, aponta para uma perspectiva em que o texto é visto como a concretização das situações de interação e um produto de condições sócio-históricas, em que a significação é o ponto central. As reflexões são sustentadas pela teoria dos gêneros do discurso de Bakhtin (1992), pelas contribuições de Marcuschi (2002) e as propostas de sequências didáticas de Schneuwly e Dolz (1999). Pretendemos apresentar resultados parciais das sequências didáticas aplicadas pelos professores cursistas que fazem parte do programa, incluindo fotos, relatos e produção textual dos alunos.

Parodiando o trecho “FALAM AS DUAS CIGANAS QUE HAVIAM APARECIDO COM OS VIZINHOS”, da obra Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto

Quando criei o blog, não sabia ao certo como fazer postagem, mas agora que estou aprendendo aos "poquin", segue pra vocês a paródia que fiz na formação continuada de professores formadores do CEFAPRO em Cuiabá, em fevereiro. Vê só se "ficô bão" e comenta, tá, moçada? Ela foi feita a partir dum trecho de Morte e Vida Severina (aquele em que as ciganas aparecem após o nascimento pra fazer previsões, lembra?). Divirtam-se!!!

Presta atenção, meus senhores,
À leitura que vou dar
Desses dias muito extensos
De nossos ardores intensos
O que daqui vamos levar.
Mas não pensem, professores,
Que vocês que aqui estão,
Levarão pra sua missão
Certezas ou solução,
Manuais ou “bons favores”...
Pra formar e criar asas
Saíram de suas casas,
Vieram pra inquietar
A Adelaide e a Tamar.
Vós, que estais comprometidos,
Gestarão os “Tô Perdidos”
Em seis etapas distintas.
Lerás cursistas feridos
Por “texto” escrito à tinta,
Texto breve, longo, à mão,
Imagem, traço e olho
O que diz sim, o que diz não,
Até se sentir “zarolho”.
E nesse toar de viola,
Farás sair da gaiola
Outros tantos passarinhos.
Colhereiro, juriti,
Garça, ou outros daqui
Não são desses que aqui falo
E que habitam em nossos ninhos.
Companheiro, falo de ti,
Que nesse olhar ligeiro,
Passeias pelos “TePês”
Apreende, amarra, explode,
Transforma, tece, sacode,
Metamorfoseia-se, em Ipês,
E florido beija e canta
E cospe e vomita e espanta,
Toda a sorte de clichês.
Verás florir os caminhos
E caso preciso for,
Tirarás água das pedras
De toda a sorte de gente
Porque serás persistente.
Viverás numa toada
Indo de estrada em estrada
Num clima de envolvimento.
Porque aqui o povo é
Do cabelo até o pé
Gente que tem sentimento.
Só peço a ti um favor
Pra findar essa leitura
Não fique só na feitura
De textos em prosa e verso.
Há que fazer ter acesso
Ao cursista e ao formador
Toda sorte de fomento
Toda sorte de leitor.
E assim, na eterna lida,
Buscarás, em sua vida,
Provar àqueles que creem
Que nem tudo o que veem
Está de fato bem lida.

MARIA ROSALINA ALVES ARANTES – Professora formadora do GESTAR II em Mato Grosso.
Cuiabá, MT. 20 de fevereiro de 2009.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

I SIEPES - UNEMAT

Apresentação
Aconteceu em Pontes e Lacerda o I SIEPES - Seminário Internacional de Experimentação e Pesquisa em Estágio Supervisionado.O SIEPES é uma atividade científica organizada pelos professores de Estágio Curricular Supervisionado do Departamento de Letras de Pontes e Lacerda – UNEMAT. Este evento possuiu como foco central/tema de discussão a importância do mesmo para o aprofundamento dos estudos relacionados à produção do conhecimento de linguagem, lingüística, língua e literatura ligada ao ensino. Apresentou-se como momento de debates, reflexões e articulações entre professores/pesquisadores da UNEMAT, bem como de outras IES, professores da Rede Pública e estudantes de Letras para apresentação e avaliação do conjunto de experimentações do conhecimento das áreas e de sua relação com as necessidades sócio-culturais e educacionais do município. A realização do seminário mostrou também as preocupações do Departamento de Letras em possibilitar espaços para a troca de experiências, com o objetivo principal de criar um ambiente reflexivo para que os sujeitos envolvidos – professores universitários, professores do ensino da rede pública e aluno-estagiário - exercitassem o pensar a ação pedagógica da linguagem. Esta interlocução se revelara tanto nas experiências realizadas no âmbito das disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado como nas reflexões ali desenvolvidas que possivelmente se tornarão objeto de pesquisa das monografias de TCC.
O evento contou com a presença de pesquisadores de renome internacional como a profª Dra. Maria Gladys Barrios (Universidad Del Tolima – Colômbia), prof. Dr. Luis Miguel Dias Caetano (Escola Superior de Educação de Torres Novas – Açores) e prof. Dr. Waldir Heitor Barzotto (EUSP). A professora Ms. Aparecida Maria de Paula Barbosa da Silva representou a Superintendência de Formação dos Profissionais da Educação Básica na mesa intitulada Formação Continuada de Professores que também contou com a presença da professora esp. Guelda Cristina de O. Andrade (dirtora da EE São José). O CEFAPRO de Pontes e Lacerda foi representado pela professora MS. Maribel Chagas de Ávila na mesa-redonda Linguagem e Tecnologias da Informação e Comunicação na Formação do Professor de Língua –Princípios de Investigação. A equipe dos professores formadores do CEFAPRO de Pontes e Lacerda, além de parceiros na organização do evento, participaram com mini-cursos e comunicações orais.

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Gosto de pessoas sinceras, sem que para isso agrida os outros. Sou fiel aos meus paradigmas (fé católica). Sou alegre porque confio em Deus.